A VISAGEM DA BICICLETA
Autora: Natália de Jesus
Era dia de finados. As pessoas
que moravam numa vila afastada da Avenida principal, tinham que esperar o
ônibus que passava pelo fim da tarde, para irem ao cemitério acender velas aos
seus entes queridos.
O cemitério ficava no
meio da avenida que em dias normais não era muito movimentada, porém, todos os
anos, nesse dia, o movimento era muito intenso e as pessoas que tinham seus
veículos iam rapidinho, acendiam suas velas e retornavam para casa sem nenhum
problema; mas, os moradores de bairros mais afastados que não tinham veículo,
necessitavam de transporte público para se locomover.
Na pequena vila onde
aconteceu o que vou contar, a maioria nas pessoas que lá moravam precisavam
esperar o ônibus que naquele dia já levara muita gente de um cemitério para o
outro, sempre lotado.
Uns rapazes estavam
perto da via pública conversando e observando o movimento enquanto esperavam a
próxima condução, quando apareceu uma mulher montada numa bicicleta e
perguntou:
– Vocês querem ir
comigo? –
E os meninos responderam
um pouco assustados:
– Não. Obrigado. Estamos aqui esperando o
ônibus. – e a mulher foi embora.
– Logo em seguida, vem um senhor também de
bicicleta. A impressão que deu era que a mulher viera apenas um pouco adiantada
dele, o que fez com que os rapazes pedissem que o homem parasse para perguntar
se ele havia visto aquela mulher. O velho, meio assustado, perguntou como quem
não entende nada:
– Que mulher? Não tinha
ninguém logo a minha frente. Passeio todos os dias por aqui de bicicleta e
nunca vi nenhuma mulher pedalando. Até mesmo porque nessa comunidade quando as
mulheres saem de bicicleta são levadas pelos seus maridos.
Nesse momento o ônibus apareceu e rapidamente os rapazes subiram e naquele dia, logo depois que chegaram do cemitério, foram direto para casa sem sequer cogitar a possibilidade de parar para uma prosa na beira da estrada como costumavam fazer.
Disponível em
http://nascimentoeila.blogspot.com/2014/02/contos-de-assombracao-criados-pelos.html
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