A MISSA
DOS MORTOS
Autor: Jeferson Thiago Mescouto
Na cidade de Bragança, há muitos anos, existiu uma
capela denominada de São João, no que conhecemos como bairro da aldeia – um dos
bairros mais antigos da cidade.
A capela foi construída por moradores do bairro com o
auxílio dos padres locais. Lá na igrejinha, os populares frequentavam as
missas, terços e ladainhas dedicadas ao padroeiro.
Com a igrejinha erguida, as primeiras peregrinações à
nossa senhora começaram a sair da capela para a Igreja Matriz – atual Igreja
São Benedito - que na época se chamava Nossa Senhora do Rosário.
Com a morte do zelador, a igrejinha ficou esquecida e
cada vez mais diminuía o número de fiéis frequentadores.
Algum tempo depois, um senhor chamado João começou a
zelar pela capelinha. Ele cuidou até ficar velhinho e morrer.
Durante anos a igrejinha ficou de portas fechadas até
que no bairro começaram a chegar novas famílias católicas. Os padres
acreditaram que a comunidade São João se formaria novamente, pois, além da
Matriz, era o único templo católico na região do Caeté e a população crescia.
Era uma preocupação para o bispo e padres.
A capela São João abriu suas portas e o povo voltou a
frequentá-la. O bispo enviava padres uma vez por mês e as missas eram sempre
lotadas.
Com as suas atividades normais, os comunitários
pagaram um zelador e sacristão. Era um neto do antigo zelador, Seu João. Ele,
todas as noites dormia na igreja.
Nos primeiros dias, nada ouviu de estranho, mas,
quando chegou à sexta-feira, logo depois da meia-noite, sons confusos ecoaram
dentro da igrejinha.
Assim que amanheceu o dia, ele comunicou o ocorrido à
comunidade e alguns vizinhos se ofereceram para fazer-lhe companhia na próxima
sexta-feira.
Chegado o dia, os homens se reuniram e assim que
escureceu, o grupo entrou no templo para pernoitar.
Nessa noite, eles ouviram velas caindo, portas batendo
e barulhos como se alguém mexesse em coisas na sacristia. Quando corriam para
ver, não era nada. Tudo estava no mesmo lugar. Eles ficavam confusos e no dia
seguinte comentavam com os populares.
Na terceira sexta-feira do mês, não ouviram nada; mas,
na quarta, eles decidiram dormir na sacristia para ver se viam ou ouviam algo.
Porém, acabaram dormindo.
À meia-noite, um deles ouviu vozes, depois, um clarão
dentro da igreja. Quando olhou, viu umas pessoas rezando como se estivessem
numa ladainha no centro da capela. Ele achou estranho, pois, como aquelas
pessoas tinham entrado se ele tinha a chave?
Ele chamou os colegas que foram verificar o que estava
acontecendo. Olharam pela porta da sacristia e viram gente rezando de cabeça
baixa e o padre e os coroinhas seguravam velas, posicionados no altar da
igrejinha.
Observando aquelas pessoas, de repente os homens
perceberam que os pés delas não tocavam o chão, como se flutuassem. Concluíram
então que era gente morta.
Quando olharam novamente para o padre, pegaram o maior
susto ao perceber que ele era na verdade, uma caveira; e saíram dali gritando,
apavorados.
A história ficou muito falada no bairro, na cidade e
em toda a região do Caeté.
Apenas os moradores mais antigos sabem desse
acontecimento.
A capela ficou desprezada e aos poucos se transformou
em ruínas, que o tempo fez desaparecer.
Essa história foi a minha tataravó que frequentava a igrejinha que contou para minha bisavó que era criança e chegou a ver a capela e por sua vez transmitiu para minha mãe que me contou e eu escrevi.
Disponível
em
http://nascimentoeila.blogspot.com/2014/02/contos-de-assombracao-criados-pelos.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário