segunda-feira, 20 de março de 2023

CONTO 19: "A visagem do beco"

 


A VISAGEM DO BECO 

Autores: Alex Felipe da Silva Santos e Paulo Henrique Barbosa dos santos


        Na década de 70, no bairro da aldeia, morou um rapaz conhecido como Carlinhos e que foi vítima de uma história de visagem.

Certa noite, ele foi ao circo assistir ao espetáculo junto com um primo e lá encontrou com uns amigos.

Assim que terminou o espetáculo, os amigos foram embora e o primo do Carlinhos resolveu se antecipar porque estava com uma baita dor de cabeça e foi embora com os rapazes deixando-o para trás.

Quando percebeu que teria que voltar para casa, sozinho, Carlinhos sentiu um pouco de medo. Sempre que saiam à noite, os moradores nunca retornavam desacompanhados para suas casas, por receio de alguma visagem, e ele não era diferente. Não que tivesse medo, mas, é melhor prevenir do que remediar. E todos sabiam que com visagem não se brinca. E começou o percurso de volta. Depois de andar muito, chegou a uma parte do bairro da aldeia perto de onde havia um beco muito escuro onde poucos se aventuravam a entrar em horário proibido porque diziam que lá aconteciam coisas estranhas.

Apressou o passo. Queria estar longe dali o mais rápido possível e a escuridão do beco o fazia tremer tanto que passou tentando não fixar os olhos em nenhum ponto para não entrar em pânico.

Assim que passou pelo beco, sentiu um mau pressentimento; seus cabelos arrepiaram e ele teve a sensação de que estava sendo seguido. Não teve coragem de olhar para trás. Apressou ainda mais os passos e tentou pensar em outra coisa. Foi quando ouviu bem atrás de si um grito estrondoso: “Lá vou eu!”.

Com o coração disparado Carlinhos ainda teve forças de olhar para onde ouviu o grito. Foi quando ele viu. Vinha em sua direção um bicho horrível, preto e de olhos vermelhos como se queimassem.

Ele contou que nesse momento suas pernas tremiam tanto que pensou que não conseguiria se mexer. Mas, reuniu forças e correu na direção da rua onde morava. De vez em quando olhava e via desesperado aquele bicho o seguindo de longe.

Quando se aproximou de sua casa, ouviu a visagem gritar pela segunda vez a mesma frase: “Lá vou eu”. O eco daquela voz no meio da noite deu a impressão de que o bicho não desistiria de persegui-lo, mas, aos poucos foi se afastando até desaparecer.

Chegou em casa gritando desesperado para que sua mãe abrisse a porta.

Ao entrar, estava tão branco que parecia à beira de um colapso nervoso e a mãe o colocou para dentro.

O rapaz tremia tanto, tanto que sua mãe até pensou em levá-lo ao hospital, mas, ele gritou desesperadamente para que ela não abrisse a porta.

– Calma filho! Já passou. Eu não sei o que aconteceu, mas, calma, tá?!

A mãe fez-lhe companhia porque ele não parava de tremer lembrando aqueles olhos em brasa.

Passando um pouco o nervosismo, ele começou a contar tudo o que tinha acontecido depois que saiu do circo. Enquanto contava para seus pais, ouvi de repente um grito e disse:

– Escutem! Escutem! É o grito do bicho.

E o bicho gritou pela última vez. Voltando para o beco longe, longe. “Lá vai eu”! Depois do acontecido; Carlinhos nunca mais saiu e voltou só. Saia sempre acompanhado e passou a chegar mais cedo.

Disponível em http://nascimentoeila.blogspot.com/2014/02/contos-de-assombracao-criados-pelos.htm

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